Três dias depois da Presidente eleita, Dilma Rousseff, ter confirmado os nomes da sua equipa para a área económica, o Rio de Janeiro encontra-se a ferro e fogo, sinal evidente de que, apesar dos avanços conseguidos pelo Presidente Lula da Silva, as assimetrias sociais, o crime organizado e a violência continuam a ser desafios estruturais no futuro do Brasil.
Guido Mantega à frente do Ministério da Fazenda, Miriam Belchior no Ministério do Planeamento e Alexandre Tombini na presidência do Banco Central assumirão funções a 1 de Janeiro e os seus perfis indiciam uma continuidade nas políticas de Lula da Silva. A contenção de gastos já foi publicamente assumida pelos três como uma prioridade do novo Governo, muito embora a redução da pobreza, o desenvolvimento e o crescimento económico do país permaneçam como metas essenciais do futuro Executivo.
Sem margem para qualquer dúvida, Dilma Rousseff é uma escolha pensada para a continuação do trabalho de Lula da Silva, sendo certo que a imagem e influência do ainda Presidente condicionarão a margem de manobra da futura Presidente. Aliás, esta é a grande incógnita: Dilma Rousseff conseguirá capitalizar o legado do seu antecessor ou, pelo contrário, a imagem de Lula da Silva ser-lhe-á prejudicial?
Independentemente da resposta, que só o tempo poderá esclarecer, Lula da Silva ficará sempre associado a um Brasil em rápida ascensão e com uma dimensão internacional inédita. Dilma Rousseff herda um Brasil de sucesso, mas recebe também nos braços um outro Brasil que os acontecimentos do Rio de Janeiro ilustram com grande clareza.
(Artigo publicado hoje no Diário Económico.)
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