Brazil and the 'Argentinean nuance' revisited
Pedro Seabra
Five months later it is safe to say that the bilateral honeymoon period between Argentina and Brazil is clearly over. The catalyst for such a turnaround hardly comes as a surprise: much like in the past, trade issues, once again take central stage. Indeed, the latest events replicate an all too familiar pattern in modern Brazilian-Argentinean relations.
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Brazil's selective nuances: the Argentinean example
Pedro Seabra
With the new Brazilian government still settling in after its recent inauguration, it is only natural that the international community remain expectant regarding Dilma Rousseff and her team's intended governing path. Pinpointing possible changes of course or indications of continuity for Brazil in the coming years has thus become a priority for many world capitals, eager to discover if President Lula da Silva's successor will bring with her any real political change.
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Decorre entre ontem e hoje em Tripoli, na Líbia, a III Cimeira UE-África e no final da semana terá lugar em Mar del Plata, na Argentina, a XX Cimeira Ibero-Americana. Portugal marca presença ao mais alto nível nas duas cimeiras, como não poderia deixar de acontecer, tendo em conta a natureza multilateralista e a abrangência multicontinental da nossa política externa.
Portugal tem procurado maximizar a sua visibilidade diplomática no âmbito dos grandes espaços geopolíticos em que está inserido. Uma estratégia que tem tido êxito, como os factos nos últimos quatro anos confirmam: entre Julho e Dezembro de 2007 Portugal deteve a presidência do Conselho da UE; entre Julho de 2008 e Junho de 2010 exerceu a presidência da CPLP; em Novembro/Dezembro de 2009 foi o anfitrião da XIX Cimeira Ibero-Americana; e há poucos dias recebeu a Cimeira de Lisboa da NATO. Adicionalmente, com a eleição no mês passado para um dos lugares não permanentes no Conselho de Segurança da ONU, a diplomacia portuguesa assegurou desde já que nos próximos dois anos Portugal manterá um nível assinalável de visibilidade internacional.
Não foi por acaso, aliás, que as duas cimeiras UE-África anteriores, em 2005 e 2007, ocorreram durante as presidências portuguesas do Conselho da UE. Tal como não foi por acaso que Portugal – juntamente com a Argentina, Chile e Espanha – já foi anfitrião de duas cimeiras Ibero-Americanas.
Curiosamente, no plano bilateral, a relação portuguesa com os dois países anfitriões das cimeiras desta semana não poderia ser mais desigual. Enquanto que a Líbia é uma prioridade indiscutível da política externa portuguesa, o mesmo não se pode dizer em relação à Argentina. A consulta das intervenções públicas do Primeiro-Ministro, ou do Ministro dos Negócios Estrangeiros, permite constatar que a Argentina é ignorada. Tal como se pode verificar que Buenos Aires tem sido um destino periférico na lista de visitas oficiais do Governo ou do Presidente da república. Os dados relativos às exportações portuguesas também são ilustrativos: entre 2000 e 2009, a Argentina passou do 35º para o 56º lugar no ranking das exportações portuguesas. A mesma tendência negativa está presente nos dados das importações: no espaço de dez anos, Buenos Aires passou do 27º para o 37º lugar.
A letargia diplomática que se apoderou da relação bilateral não deixa de ser surpreendente. Como se apenas o Brasil interessasse à diplomacia portuguesa e a restante América do Sul tivesse apenas relevância secundária. Ainda que tal fosse verdade, mesmo do ponto de vista da abordagem portuguesa relativamente ao Brasil, faz todo o sentido em apostar no reforço da relação com a Argentina. Quanto mais importante for o relacionamento bilateral entre Lisboa e Buenos Aires, maior é a relevância de Portugal para o Brasil. Razão mais do que suficiente para que o Primeiro-Ministro português, aproveitando a deslocação a Mar del Plata, procure dar um novo impulso às relações bilaterais. Afinal, o sucesso de uma estratégia com uma componente marcadamente multilateralista passa também por não descurar as relações bilaterais com os principais actores dos grandes espaços geopolíticos em que Portugal se movimenta.
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